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Milão e Veneza

Dia 1: A chegada

 

Milão, a capital da moda e sede de uma das maiores catedrais góticas do mundo! Acessível ao comum dos mortais somente claro, com a Ryanair cujo voo ficou por apenas 56€ ida e volta, com aterragem no aeroporto de Orio al Serio, em Bergamo, a cerca de 50 km da capital da Lombardia.

 

Há imensas empresas a operar os tranfers a partir de Bergamo para Milão, nós optámos pela Autostradale que tem paragem logo à saída da porta de chegada do aeroporto. A viagem até à estação ferroviária de Milano Centrale FS dura cerca de uma hora e tem um custo de 5€ por trajecto, sendo que se for comprada ida e volta, o preço fica nos 9€.

Como chegamos tarde, este primeiro dia serviu apenas para jantar perto da Centrale e encontrar o caminho, de mapa em punho, para o nosso alojamento.

 

 

Alojamento

 

Ficamos alojados no New Moon Resort, um "hostel de nova geração" como eles próprios se chamam e com o devido mérito. Este novo estabelecimento construído de raiz em 2012 consegue concorrer contra verdadeiros hotéis!

 

O melhor:

Localizado a cerca de 3 km da famosa Duomo e com boas opções de transporte, este hostel oferece um serviço com um conceito diferente dos restantes albergues pois estes são reservados de forma exclusiva e individual, quer isto dizer que não temos que partilhar a nossa estadia com outros hóspedes.

Para além disto, todos os quartos têm casa-de-banho ensuite, duas (sim, duas) camas de casal com capacidade para até 4 pessoas, aquecimento, ar condicionado, secador (mediante pedido na recepção), guarda-fatos, sofás, mesa e TV LCD por satélite.

Todas as reservas têm pequeno almoço incluído servido diariamente das 7h às 10h. É constituído por um bolo e por uma variedade de bebidas quentes (chocolate quente, cappuccino, chá, café, ...), não é muito mas serve o propósito e de forma gratuíta não se pode pedir muito mais.

O staff é amigável e prestável e ainda sobem ao nosso quarto diariamente para nos fazerem a cama e dar uns toques de limpeza! Por falar em limpeza, todo o estabelecimento tem um aspecto limpo, cuidado e conta também com um design fantástico e ambiente acolhedor.

As quatro noites ficaram-nos por 156€ que a dividir por duas pessoas fica por uns meros 78€. Incrivelmente, por algum motivo não tivemos que pagar a taxa que a cidade cobra por cada noite aos turistas ao preenchermos um formulário que o funcionário da recepção nos entregou.

 

O pior:

Sempre que saímos do hotel temos que entregar a chave na recepção, até aqui tudo bem. O problema surge quando se pede a chave de volta, porque para tal basta dizer o número do quarto e sem qualquer outro procedimento, a chave é-vos entregue, independentemente de o funcionário nunca ter visto a vossa cara na vida. Por nenhuma identificação ser requerida, este pode-se tornar um grave problema de segurança.

Apesar de ter serviço de Internet Wi-Fi disponível, este é apenas acessível a partir do piso da recepção sendo que é impossível aceder à Internet a partir dos quartos.

 

Avaliação do Journey Book: ★ ★ ★ ★

No sumatório total, a estadia neste hostel foi uma experiência muito agradável e sem grandes sobressaltos, conseguiu até superar as minhas expectativas levando-me a recomendar vivamente este alojamento a quem tiver intenções de visitar Milão no futuro. O seu ponto forte é sem dúvida, a sua imbatível e excelente relação qualidade-preço.

Para mais informações visita o TripAdvisor.

Resumo da Viagem

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Distância: 1560 km ~ 2h30

 

Transporte: Avião (Ryanair) 

 

Data: Fevereiro de 2013

 

Duração: 5 dias

 

Alojamento: Hostel

 

Objectivo: Lazer e Cultura

 

Orçamento: 250€

Dia 2: Vida milanesa

 

Às 9h da manhã do nosso segundo dia estávamos já a tomar o pequeno almoço e prestes a lançarmo-nos no nosso caminho para o centro de Milão a partir do eléctrico 12 ou 14.

Ao chegar à Piazza del Duomo, a primeira impressão é que a catedral não é assim tão grande. No entanto, à medida que nos aproximamos é que conseguimos perceber a real magnitude e beleza do tal edifício.

 

A Duomo combina em toda a sua fachada o preponderante estilo gótico com traços renascentistas culminando num telhado recheado de espiras, estátuas e elementos que tornam toda aquela estrutura num verdadeiro espectáculo visual pelo qual não temos que pagar preço. Ao contrário dos (imensos) senhores de raça negra que estão neste mesmo local prontos a congeminar esquemas para extorquir dinheiro e para testar o limite da paciência dos turistas que por lá passam.

Como se isto não bastasse, apenas são permitidas fotografias no interior da catedral mediante o pagamento de uma módica quantia. Em Milão, tudo tem um preço à espera de quem seja rico ou parvinho o suficiente para o pagar.

 

Ainda nesta piazza podemos visitar a Galleria Vittorio Emanuele II, um edifício num estilo neoclássico hiperbolizado que é o mais antigo shopping de Itália. Uma verdadeira maravilha cujas lojas vão desde Prada a Louis Vuiton, não aconselhadas portanto a carteiras pouco recheadas (como a minha). Na praça da saída oposta da galeria ergue-se a famosa casa de ópera La Scala e a estátua de Leonardo Da Vinci.

 

Depois de deixarmos o marco icónico da cidade e após visitar-mos algumas lojas, dirigimo-nos para a Chiesa di San Carlo al Corso, uma igreja com um aspeto que relembra o Panteão de Roma e que me fez sentir uma sensação de paz e pureza, mesmo eu não sendo católico.

Descobrimos a Chiesa di San Babila por acaso, à entrada da estação do metro com o mesmo nome. Esta pequena igreja apesar de ter um exterior renascentista, conta com um altar magnífico revestido a ouro ao estilo bizantino.

 

Depois do almoço rumámos ao Museu Cívico de História Natural de Milão, localizado no recinto do belo jardim Indro Montanelli, conta com importantes exibições desde esqueletos completos de dinossauros (incluindo o famoso T-Rex) a exemplares embalsamados de uma vasta variedade de espécies animais ainda existentes.

Como estava a neviscar decidimos continuar o nosso programa por recintos fechados, nomeadamente pela Basílica de San Lorenzo Maggiore eregida entre o século IV e V e que incorpora inclusivamente na praça à sua frente colunas do antigo Império Romano.

 

Ainda no domínio religioso visitamos também o Tempio Civico di San Sebastiano que conta com uma planta octogonal e um tecto abóbadado pintado com esplêndidos frescos e a Chiesa di San Satiro na qual é possível visualizar um dos mais fantásticos (e antigos) efeitos 3D do mundo: o altar, elaborado por Bramante, está pintado de forma a que proporcione uma sensação de profundidade de tal forma que parece que o espaço se prolonga e dá a entender que a igreja é maior do que aquilo que realmente é. Infelizmente não são permitidas fotografias no interior.

O resultado deste longo dia a caminhar de um lado para o outro, mesmo usando transportes públicos, foi a total exaustão. No final do programa tudo o que queríamos era regressar a um quarto confortável e quentinho.

Dia 3: Gôndolas e encruzilhadas

 

Acordar às 4h30 da manhã para apanhar o comboio para Veneza é um pequeno sacrifício para a recompensa que é esta cidade fantástica.
Aproveitando a relativa proximidade de Milão à pérola do Adriático e com a ajuda de uma promoção da companhia ferroviária estatal italiana Trenitalia, conseguimos comprar os bilhetes do serviço Frecciabianca (3º serviço de longo curso mais rápido), por apenas 9€ por trajecto. A ida e volta ficou por 18€. Comprar os bilhetes no site da referida companhia é fácil e extremamente conveniente, uma vez que depois só temos que imprimir os bilhetes, entrar directamente no comboio e sentarmo-nos nos nossos lugares marcados. Durante a viagem de cerca de 2h45, o revisor confere os papéis e pronto, sem complicações!

 

A primeira impressão que temos ao sair da estação de Santa Lucia é que acabamos de chegar a um universo paralelo, alternativo e perfeito, onde os carros, os prédios altos e o caos urbano não existem e dão lugar ao Grand Canal, a "rua" mais concorrida da cidade, extremamente atarefado com vaporetto's, lanchas e barcos de mercadorias a circularem de um lado para o outro, constituindo o tráfego veneziano.

A Chiesa degli Scalzi é vizinha da estação ferroviária e merece definitivamente uma visita. Ao entrar somos albarroados por uma explosão de formas e cores que se combinam numa arquitectura em mármore bastante harmoniosa.

A partir daqui podemos seguir viagem num vaporetto para os locais mais famosos mas cá para mim, perde-se a melhor parte da cidade que só o percurso a pé nos consegue oferecer.

 

A verdadeira Veneza surge quando atravessamos a ponte degli Scalzi e nos adentrados pelas suas pequenas, estreitas mas imensas ruas! A cada esquina, um turbilhão de elementos se fundem como numa bela pintura para nos proporcionar a mais maravilhosa experiência, desde os edifícios que parecem flutuar sobre a água decorados meticulosamente pela história, às míticas gôndolas que passeiam os turistas pelos canais desta metrópole muito particular (mediante o pagamento da módica quantia de 80€).

 

A zona do Rialto, para além da famosa e mais antiga ponte da cidade, tem também uma actividade comercial muito intensa, está preenchida por pequenas barracas de souvenirs com as típicas máscaras do Carnevale veneziano e também outras que vendem pizza, gelados, crepes com Nutela e entre as mais variadas delícias gastronómicas.

 

Seguimos caminho para a emblemática Piazza San Marco. Este amplo espaço (o mais amplo da cidade) consegue realizar a árdua proeza de agregar dois dos edifícios mais bonitos que já vi. 

O primeiro é a imponente Basilica di San Marco, erguida na sua magnífica arquitectura com influências bizantinas e com um interior abismal decorado quase na totalidade com fantásticos mosaicos banhados a ouro. A entrada é barrada a quem se apresentar em trajes considerados menores (joelhos e ombros à vista, por exemplo) e a portadores de mochilas ou malas (estas poderão ser depositads num local específico).

O outro é o Palazzo Ducale, uma estrutura com a fachada em gótico veneziano e com um interior de cortar a respiração. Vale bem a pena pagar o bilhete de entrada que tem o custo de 16€, mas que no entanto fica a 8€ para estudantes até 25 anos e inclui ainda a entrada nos restantes museus da Piazza San Marco que também merecem ser visitados. Para além disso, esta é a única forma de atravessarmos a famosa Ponte dos Suspiros que liga o palácio à prisão mais antiga do mundo.

 

Num dos cantos desta praça é ainda possível visitar a intrigante Torre D'Orologio, no seu vibrante azul que destaca os signos do zodíaco a dourado e num canto oposto o campanário de San Marco, uma estrutura com 98,6 metros de altura construída inicialmente para ser uma torre de vigia e farol que guiava as embarcações à antiga, próspera e Serenissima Repubblica di Venezia. 

 

Uma coisa que vos garanto que vão fazer quando decidirem visitar esta cidade é... perderem-se! Não importa o quão bom seja o vosso sentido de orientação nem tampouco se levam convosco um mapa ou até mesmo se seguem as placas de orientação (que são muito pouco orientadoras), vão-se perder! E acreditem em mim, é o melhor que vos pode acontecer. É uma empolgante aventura e um verdadeiro pitéu visual, pois na encruzilhada seguinte, ao decidirem se seguem pela destra (direita) ou sinistra (esquerda) vão descobrir certamente algo que não estava no vosso programa e que é maravilhoso.

 

Visitar Veneza não estava nos planos iniciais desta viagem mas depois de agarrarmos a oportunidade mal esta se apresentou (os bilhetes do comboio), esta revelou-se ser a melhor parte de toda esta expedição a Itália. Penso, que tal como Roma, este é um local que todo e qualquer ser humano deve visitar pelo menos uma vez na vida. Já eu, na impossibilidade de conceber mais palavras que descrevam tal beleza, espero lá regressar e dessa vez, apesar de a acqua alta nos ter poupado, num clima preferencialmente mais quente.

 

Por fim, desmistificando o mito: Veneza não cheira mal!

Dia 4: Máquina do tempo

 

As condições atmosféricas deste nosso 4º dia em Milão não foram as mais favoráveis e logo de manhã fomos bombardeados com chuva gelada (não é neve nem chuva, é um misto das duas, uma verdadeira delícia). Isto levou-nos a lamentavelmente cancelar a nossa visita ao Cimitero Monumentale e às lojas da via Bramante da Urbino.

Decidimos seguir viagem até ao Castello Sforzesco com uma passagem (muito) rápida no Arco della Pace e no Parco Sempione, pois a chuva continuava a cair.

 

Ao chegarmos ao castelo foi um verdadeiro alívio entramos num lugar seco depois de atravessarmos um imenso parque com um piso enlameado e todos ensopados.

Mediante o pagamento de cerca de 2€ de entrada, com desconto de estudantes, podemos embarcar numa verdadeira viagem no tempo, directos à Idade Média e recuar até mesmo ao Antigo Egipto.

 

O edifício em si é renascentista e foi construído por uma família nobre que era muito influente na cidade de Milão e em toda a Itália naquela época, os Sforza. Hoje, para além da contemplação do grandioso castelo fortificado é possível também visitar inúmeras exposições que se distribuem pelas salas com tectos magnificamente decorados.

Das exposições presentes, as que mais gostei foi uma que mostrava as várias peças de mobiliário utilizadas ao longo dos séculos e outra dedicada ao Antigo Egipto que continha inclusivé vários sarcófagos, cadáveres mumificados e peças do quotidiano.

À saída deste monumento reparamos que a chuva se tinha transformado numa intensa tempestade de neve suficientemente forte para nos fazer comprar um mini guarda-chuva.

 

Depois do almoço voltamos a aventurarmo-nos pela neve para visitar a bela mas incrivelmente pouco cuidada Basilica di San Stefano Maggiore, mas depois disso rendemos às incrivelmente baixas temperaturas que se faziam sentir e decidimos refugiarmo-nos no nosso quentinho quarto durante o resto do dia, deixando de lado o que estava programado.

 

 

Dia 5: Arrivederci Italia

 

No nosso atarefado último dia em terras milanesas, depois do check-out e de uma avaria na extensa rede de eléctricos que nos transportava (um camião demasiado alto derrubou a catenária que alimenta os veículos), visitamos o fenomenal ossário da Chiesa di San Benardino alle Ossa, um edifício cujas paredes estão completamente revestidas por crânios, fémurs, úmeros e tantos outros ossos que constituem a anatomia humana e que inspirou a Capela dos Ossos de Évora. Para completar toda esta conjectura visual, o tecto está decorado com frescos. 

Foi uma experiência memorável para acabar em grande a nossa passagem por Milão.

 

Sem muito tempo restante, perto do nosso transfer para o aeroporto de Orio al Serio, prestamos uma última visita à grandiosa Stazione Centrale (onde tinhamos embarcado para Veneza há dois dias atrás). Uma obra do fascismo italiano que envergonha as maiores estações ferroviárias da Europa, quer em beleza, quer em tamanho.

 

O balanço desta viagem a Milão foi definitivamente positivo, tendo em conta as atracções turísticas de grande beleza que possui, salientando toda a zona envolvente da Piazza del Duomo no entanto, penso que esta cidade governada pela moda pode ser melhor aproveitada num clima mais favorável e por quem tenha recursos suficientes para comprar nas suas lojas, comer nos seus restaurantes e viver o seu estilo exorbitante e citadino.

 

 

Alimentação

 

Depois da minha experiência em Roma, nunca pensei que estando igualmente em solo italiano fosse tão difícil de encontrar algum lugar onde se possa comer bem e barato, mas foi exactamente o que aconteceu em Milão. Encontrar um lugar barato para almoçar ou jantar é extremamente difícil senão perto do impossível e optar por comprar alguma coisa nos poucos supermercados que existem também não é a melhor opção uma vez que os preços praticados não são os mais justos e a oferta de produtos é muito diminuta.

 

Acredito que hajam grandes superfícies comerciais com muita variedade de produtos a preços competitivos em Milão, mas certamente não se encontram no centro e acessíveis a turistas. O que nos salvou foi os restaurantes McDonald's que se encontravam por todo o lado e a Pizza Koky, um serviço local de entrega de pizzas ao domicílio com preços muito acessíveis (desde os 4,50€ por pizza).
Já em Veneza a oferta é muito maior e semelhante a Roma, com lojas e barracas espalhadas um pouco por toda a cidade que vendem pizzas, pastas, crepes de Nutela, waffles e os maravilhosos gelados italianos.

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